Vou começar pela minha pintura preferida do pintor holandês Vermeer, uma das pinturas que mais gosto de sempre. Johannes Vermeer é um importante pintor do Barroco holandês, é bastante conhecido pela sua pintura da "Rapariga com o Brinco de Pérola", no entanto, a pintura que mostro aqui hoje é mais semelhante com o estilo geral do Vermeer. Vermeer costuma fazer pinturas que retratam cenas interiores, constituindo quer de retratos do dia-a-dia, profissões ou alegorias.
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Esta pintura tem muito que se lhe diga, primeiro a cor, que para mim é o que mais atrai; a cor nesta pintura é fantástica, viva e colorida, a junção do azul com amarelo é sempre vibrante e vai ser tida em conta e utilizada em larga escala por outro famoso pintor holandês, o van Gogh.
Nesta pintura o artista está a pintar uma modela, que posa mascarada de Musa da História, devido ao seu traje e flores na cabeça, assim como os objectos que segura, o livro de história, e o trompete para a anunciar ao mundo. As roupas do artista são antigas para época, Vermeer escolhe retratar assim o artista de forma a prestar homenagem à geração anterior de pintores holandeses como van Eick ou Rembrandt.
Embora o foco da pintura recaia inevitavelmente na Musa, o que mais ocupa centro é o mapa, onde se demonstra o domínio total que Vermeer tem da luz e do relevo. Ele adora mapas e em quase todas as suas pinturas está um mapa presente. Neste caso, é um mapa da Holanda e da Bélgica, recentemente separadas devido a uma guerra entre as duas, ele divide os dois países não só com a fronteira mas também com a grande prega vertical no centro do mapa.
O candelabro é outro ponto impressionante, mostra mais uma vez o domínio que Vermeer exibe da luz e da reflexão, aparece várias vezes na sua pintura, sendo que existem algumas onde as superfícies metálicas recebem um papel mais central. A cadeira na diagonal em relação ao chão e em relação ao visualizador é outra característica impressionante, é algo extremamente difícil de realizar, e que também surge várias vezes na pintura de Vermeer. Por fim, o próprio esquema foi pensado de maneira que o membro do público sinta que acabou de entrar na sala e correu a cortina, estando ali já uma cadeira do lado esquerdo pronta para o visitante se sentar e apreciar o trabalho do pintor.
Esta era uma pintura que o próprio Vermeer adorava, parece mesmo tê-la feito só para si, esteve sempre em sua posse; quando ele faleceu foi esta peça que a sua esposa se esforçou para manter, mesmo até quando vendeu a própria casa não se desfez da pintura. Não consigo evitar questionar
quanto é que desta pintura não será um retrato do próprio Vermeer, que deixou ali a cadeira para que ele próprio possa relaxar e observar a sua obra.
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